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domingo, 20 de dezembro de 2009

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Humano, Demasiado Humano...


Quando eu ouvi o terceiro trovão seguido, corri para uma banca de revistas. Esperando a chuva/caos/alagamento/dilúvio passar ou talvez continuar e matar todos os habitantes pecadores de São Pompéia , eu aproveitei para me divertir folheando algum exemplar daquela popular prateleira de livros giratória - caso a imagem mental não tenha surgido, é o lugar que sempre deixam os clássicos da literatura que custam R$ 9,99 cada. Peguei o 'Humano, Demasiado Humano' do Nietzsche e abri em uma página aleatória - é a minha forma precária de conferir conteúdo, já que em minha opinião a orelha do livro ou aquele resuminho de trás geralmente entregam coisa demais (mas com certeza em Nietzsche esse não é o caso).

Uma vez eu ouvi falar do 'Humano...' em uma palestra na UEL sobre a singularidade em Nietzsche, mas a única coisa que eu "li" - e coloco o verbo "ler" entre aspas pois eu sei que para ler de verdade o bigodudo você precisa ter mais referências mitológicas que Matusalém teve em toda sua breve vida - foi o 'Assim Falava Zaratustra'. Gostei dele, mas do mesmo jeito que eu gosto de pudim***.

Enfim, o que eu li no 'Humano...' me chamou a atenção, então transcrevo abaixo:

231 - A Origem do Gênio - A engenhosidade com que o prisioneiro busca meios para sua libertação, utilizando fria e pacientemente cada ínfima vantagem, pode demonstrar que o procedimento da natureza às vezes se serve para produzir um gênio - palavra que, espero, será entendida sem nenhum ressaibo religioso ou mitológico -: ela o prende em um cárcere e estimula ao máximo seu desejo de se libertar. - Ou, para recorrer a outra imagem: alguém que se perdeu completamente ao caminhar pela floresta, mas que, com energia invulgar, se esforça por achar uma saída, e descobre às vezes um caminho que ninguém conhece. Assim se formam os gênios, aos quais se louva a originalidade....

Nesse exato momento meu ônibus chegou e eu tive que deixar para trás o conforto da sabedoria para correr 100 metros rasos cheios de água e desafiar a 2ª Lei de Newton.

Isso me deixou pensando; Talvez a tempestade e o ônibus lotado sejam equivalentes ao empurrão da natureza na escuridão da floresta.

Ou não.

*** Ou seja, se tiver na geladeira eu como, mas nunca vou me dar o trabalho de ter uma reflexão filosófica sobre os ingredientes.