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segunda-feira, 22 de março de 2010

The Long, Dark, Tea-Time of The Soul.



Eu me lembro que alguém, algum dia, em algum canal de TV que provavelmente eu prestei atenção durante quatro segundos e meio, disse: "Eu sinto inveja de quem nunca leu a Odisséia, porque eles ainda podem ter a indescritível sensação de lê-la pela primeira vez". Eu achei isso interessante; logo depois comprei o livro em um sebo, e minha batalha para ler a obra prima de Homero começou - e recomeçou - e se repete infinitamente durante os capítulos - ou tomos? - de I a IV. 

Enfim, as páginas estão longe de ter um fim. 
Eu nunca li a Odisséia; eu não sei o que Ulisses disse para a Scylla (um provável *sic* neste nome) antes de decepar suas sete ou oito cabeças e eu desconfio, infelizmente, que para eu chegar a essa 'sensação indescritível' sem a ajuda de drogas psicotrópicas eu precisaria ler o texto no original - e meu chute é que ler grego pode ter, em algum micronível de subconsciência, o mesmo efeito que tomar um chá de cogumelos nascidos no meio de estrume bovino.

Mas eu entendo o velho barbudo no canal desconhecido. Eu acabei de sentir essa espécie de 'melancolia literária' quando fechei a última página do último livro de Dirk Gently (escrito pelo genial D.A.); e eu tenho um peso enorme na consciência ao chegar a conclusão que é isso - acabou - nunca mais vou ter o consolo de abrir uma de suas páginas e pensar "nossa que coisa idiota." ou "nossa que genial" ou, mais freqüentemente,  "Que genialidade idiotística incomensurável!".

O que me resta agora é não entrar em pânico - comprar uma toalha, viajar pelo mundo e sempre ter em mente que, independente da situação horrível em que eu me encontrarm fisicamente ou emocionalmente, sempre em um planeta distante, em uma colina de fogo estará escrita, em letras maiúsculas, a grande mensagem da Força Superior...............

DESCULPE PELA INCONVENIÊNCIA. 

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"It can hardly be a coincidence that no language on Earth has ever produces the expression "as pretty as an airport.". Airports are ugly. Some are very ugly. Some attain a degree of ugliness that can only be a result of a special effort. This ugliness arises because airports are full of people who are tired, cross, and have just discovered that their luggage has landed in Murmansk (Murmansk airports are the only known exception to this otherwise infallible rule).

Kate Schechter stood and doubted. All the way out of London to Heathrow she had suffered from doubt. She was not a supersticious person, or even a religious person, she was simply someone who was not at all sure she should be flying over to Norway. But she was finding it increasingly easy to believe that God, if there was a God, and if it was remotely possible that any godlike being who could order the disposition of particles at the creation of the Universe would also be insterested in directing traffic on the M4, did not want her to fly to Norway either. All the trouble with the tickets, finding a next door neighbor to look after the cat, then finding the cat so it could be looked after the next-door neighbor, the sudden leak in the roof, the missing wallet, the weather, the unexpected death of the next-door neighbor, the pregnancy of the cat, even the taxi driver - when she had eventually found a taxi - has said "Normay? And what you want to go there for?" And she hadn´t instantly said "The aurora borealis!" or "Fjords!" but had looked doubtful for a moment and bitten her lip, he had said "forget Norway, go to Tenerife." 
There was an idea...
Tenerife."  

terça-feira, 9 de março de 2010

Do Caminho do Criador

* Depois de roubar essa citação do orkut do grande mestre Vágner, eu penso seriamente em fazer uma segunda leitura do 'Zaratustra' 



"Meu irmão! Queres caminhar para a solidão?
Queres procurar o caminho que conduz a ti mesmo?
Detém-te um pouco e escuta-me: ‘Aquele que procura, facilmente se perde em si mesmo. Todo partir para a solidão é culpa - assim fala o rebanho. E tu fizeste parte do rebanho durante muito tempo.

A voz do rebanho continuará ressoando dentro de ti. 
Queres, porém, percorrer o caminho de tua tribulação,
que é o caminho para ti mesmo?
Mostra-me, então, teu direito e tua força para fazê-lo"

Nietzsche, Assim falou Zaratustra (Do caminho do criador)

terça-feira, 2 de março de 2010

Still Here



Alô, caros leitores - tem alguém aí? - eu só passei para avisar que não, eu não abandonei completamente meu blog em 2010; mas minhas férias desse ano foram uma mistura de trabalho (sem brincadeira) com álcool, então eu passei uma grande parte do meu tempo ocioso me recuperando de um dos dois, - ou o cérebro ou o fígado - e o blog ficou meio que esquecido. Mas não temam! Todo carnaval tem seu fim e agora o ano de verdade começou. (será?)

Eu não tenho nada demais para escrever hoje, particularmente. São Paulo chovendo como sempre,e eu preciso de inspiração para dar o 'sprint' final da minha pós em Cinema; então vou  me poupar o trabalho de hoje, fazer um tereré e postar aqui os primeiros parágrafos do meu artigo sobre 'Crossmedia', esperando que com essa atitude preguiçosa eu consiga retirar a poeira e as teias de aranha do Ceriblog hahaha 




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""O tom avermelhado, que preenchia os céus enquanto o sol se punha por entre as montanhas, refletia a urgência que pairava no ar daquela pequena cidade no começo do outono. O cenário, com o barulho das folhas livres levadas pelo vento para longe das árvores seminuas, e que outrora inspiraria um sentimento bucólico no coração de qualquer transeunte, era visto agora apenas como desolador; como se a terra infértil e os pobres habitantes daquele pequeno pedaço do planeta tivessem sido completamente esquecidos por Deus. O fim havia chegado. 

Imerso em seus pensamentos, sentado em sua varanda, na cadeira de balanços - sua velha, desgastada e barulhenta companheira de tantos finais de tarde – encontrava-se um homem. Ele respirava profundamente, a ponto de inalar quase que por completo a fumaça do seu charuto, já metade gasto; fazia isso como se, de alguma forma, tentasse aproveitar toda a essência desperdiçada em seu famigerado passado. Como se esse último charuto compensasse os tantos outros cigarros, tragados tão apressadamente. Sua barba malfeita e seus olhos, negros como a noite, aparentavam serenidade em meio ao turbilhão dos acontecimentos: “uma coisa de cada vez, John” - pensava consigo mesmo - “uma coisa de cada vez.” – isso era tudo que ele conseguia pensar enquanto limpava a poeira dos canos de sua espingarda de caça.  

- Somos todos pecadores, e esse é o nosso castigo – o discurso ecoava por entre as paredes da capela de madeira, e um silêncio sepulcral imperava no pequeno salão onde se aglomeravam mulheres, velhos e crianças. Todos ouvindo atentamente as palavras do homem, que aparentava um tom profético, em sua frente – O demônio finalmente chegou, e chegou nas ondas de nossos rádios! Agora ele veio para buscar as almas impuras e pecadoras de nosso mundo! Mas não temam, pois o Senhor irá proteger os verdadeiros missionários da Fé. Nada mais nos resta, agora só devemos esperar a redenção de nossos pecados... – Após este breve discurso, o silêncio continuou, só sendo interrompido algumas vezes pelo murmúrio do choro das crianças.  

A alguns quilômetros da antiga capela, um carro disparava em alta velocidade pela deserta North Cascades Highway - “Eu preciso escapar.” – e isso era tudo que o jovem pensava enquanto pisava firmemente no acelerador. Ele nunca poderia imaginar, algumas horas atrás, de que estaria fugindo pela sua vida nesse exato momento. Agora não existiam mais dúvidas do eminente Apocalipse; a explosão magnética fez a terra tremer, a cidade inteira estava sem luz e todos os telefones não emitiam nada, além de uma aterrorizante estática. A rodovia se estendia até a Methow Valley Highway, que ligava todo o sul do país. “Quanto mais ao sul, melhor. Quanto mais longe daqui, melhor.” – dizia a intuição do rapaz de 20 e poucos anos. Ao longe, o único contraste com a imensidão vazia de natureza arbórea da região era um solitário posto de gasolina. “Droga, preciso parar para abastecer.” 

O frentista do único posto da região não estava acostumado com uma situação dessas; o seu pacato final de tarde foi interrompido por um carro que entrou em disparada direto para as bombas de gasolina. Um jovem apressado desceu dele e começou a abastecer imediatamente; sentindo um desconforto pela situação, o frentista correu até o local, mas já era tarde demais. O jovem, com o tanque cheio, entrou no carro e deu a partida. “Ei, você vai ter que pagar por isso!” foi tudo o que o frentista conseguiu dizer antes de ouvir a estranha resposta do homem dentro do carro: “Isso não importa mais! Daqui a pouco estaremos todos mortos!”. O frentista parou, refletindo por um momento: “Mas de que diabos ele está falando?”.... ""

abraços!