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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O Sábio Sileno




Ouvi essa história do Nietzsche na aula do grande mestre Weber, no meu primeiro ano de Filosofia


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[...] “Não te afastes daqui sem primeiro ouvir o que a sabedoria popular dos gregos tem a contar sobre essa mesma vida que se estende diante de ti com tão inexplicável serenidade e jovialidade. Reza a antiga lenda que o rei Midas perseguiu na floresta, durante longo tempo, sem conseguir capturá-lo, o sábio Sileno, companheiro de Dionísio. Quando, por fim, ele veio a cair em suas mãos, perguntou-lhe o rei qual dentre as coisas era melhor e a mais preferível para o homem. Obstinado e imóvel, o demônio calava-se; 


Até que, forçado pelo rei, prorrompeu finalmente, por entre um riso amarelo, nestas palavras: – 


Estirpe miserável e efêmera, filhos do acaso e do tormento! Por que me obrigas a dizer-te o que seria para ti mais salutar não ouvir? O melhor de tudo é para ti inteiramente inatingível: não ter nascido, não ser, nada ser. 


Depois disso, porém, o melhor para ti é logo morrer”.
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Logo depois, ele emendou "por favor, se vocês um dia pensarem em se matar, larguem o curso antes. já chega de suicidas por aqui"

hahaha

domingo, 17 de outubro de 2010

Zen

* trecho retirado de Godel, Escher, Bach - an eternal golden braid, de Douglas Hofstader. Tradução livre de Ceriblog,






"O estudante Doku chegou até o Mestre Zen, e disse: "Estou procurando a Verdade. Em qual estado da minha mente eu devo chegar, para alcançá-la?"
O Mestre diz: "Não existe mente, então você não pode chegar a nenhum lugar. Não existe Verdade, então você não pode alcançá-la."
- "Se não existe mente para treinar,e nenhuma verdade para encontrar, porque você é mestre desses monges que vêm até aqui todos os dias para estudar e praticar o Zen?"
- "Eu não tenho nenhum centímetro de espaço aqui" - diz o Mestre - "então como podem os monges se reunirem nesse espaço? Eu não tenho língua, então como posso chamá-los até aqui ou ensiná-los?" 
"Oh, como você pode ser tão mentiroso?" pergunta Doku.
"Se eu não tenho lingua para falar com as pessoas, como posso mentir para você?" pergunta o Mestre.


Então Doku responde, tristemente "Eu não posso ser seu discípulo. Eu não consigo entendê-lo."
"Eu não consigo me entender", diz  o Mestre


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O que é dualismo? 

Dualismo é a divisão conceitual do mundo em categorias. É possível transcender essa tendência natural? Pelo prefixo da palavra 'divisão' com a palavra 'conceitual', eu posso ter dado a impressão de que se trata de um esforço intelectual e consciente, e talvez possa fazer alguém assumir que o dualismo pode ser ultrapassado simplesmente com a supressão do pensamento (como se suprimir o pensamento fosse algo simples!). Mas a quebra do mundo entre categorias acontece em um nível muito inferior à camada superior da lógica; na verdade, dualismo é uma questão perceptiva do mundo entre categorias. Em outras palavras, a percepção humana é por natureza um fenômeno dualístico - o que faz a jornada pela iluminação ser uma batalha dificílima, para dizer o mínimo.

No coração do dualismo, de acordo com o Zen, estão as palavras --á apenas as palavras. O uso de palavras é inerentemente dualístico, sendo que cada palavra representa, obviamente, uma categoria conceitual. Dessa maneira, uma parte considerável da filosofia Zen é a luta contra a confiabilidade das palavras. Para combater  o uso das palavras, um dos melhores instrumentos é o koan, onde as palavras são tão profundamente abusadas que a compreensão da história é nula. Assim sendo, é talvez errado dizer que o inimigo da iluminação é a lógica; na verdade, é o pensamento verbal, dualístico. Talvez até mais básico do que isso: é a percepção. Assim que você percebe um objeto, você desenha uma linha entre isto e o resto do mundo: você divide o mundo, artificialmente, em partes, e dessa maneira você se perde do Caminho.