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sábado, 8 de outubro de 2011

Under Northern White Lights

Assisti hoje o documentário/road-movie do White Stripes "Under Northern White Lights" e achei bem legal, a ideia do filme do ex-duo (a dupla acabou em abril deste ano) era o de fazer vários shows em partes pouco conhecidas do Canadá, com algumas entrevistas no meio de tudo. Recortei e legendei duas partes que achei as mais interessantes, e que são, realmente, inspiradoras.

Elas resumem o estilo inovador de trabalho do Jack White, que com sua guitarra dissonante - ainda que o W.S. tenha acabado - ainda surpreende o mundo com composições que levam uma grande honestidade musical. Vale a pena.


*dica - clique duas vezes no vídeo que ele fica Fullscreen e não cortado. A formatação do blogger é bem ruim, mas estou migrando daqui a pouco para outro formato. abraços!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sexo e Sangue



Ok, já começo admitindo, eu assisto Tru Blood.

Ok, eu também admito (envergonhado) que acompanhei os dois filmes babacas do 'Crepúsculo'.

Este post não tem nada a ver com isso. Quer dizer, mais ou menos. Eu estou lendo um livro que chegou para mim lá na Folha, chamado "Antologia do Vampiro Literário", que é um compêndio de todas as vezes que a emblemática figura deste morto-vivo sanguinário aparece na literatura. O livro é muito legal, e faz uma pesquisa que começa a partir no séc. XVII, quando relatos pertubadores eram feitos em algumas regiões do Leste Europeu (onde, não coincidentemente, está localizada a Transilvânia, lendária moradia do Conde Drácula)

Ainda mais fascinante do que propriamente o debate sobre a existência ou a não-existência dessas criaturas é perceber que, nas cartas escritas por oficiais militares e cientistas ´esclarecidos´, existe um verdadeiro embate racional/emocional correndo pelas entrelinhas. É como se, em territórios mal-assombrados, os homens educados fossem tomados subitamente de um medo do desconhecido, do inevitável, da tragédia que sua limitada ciência não compreende e para qual o método racional perde toda sua utilidade..

Talvez, o renascimento do vampiro (e de outras criaturas sobrenaturais) na cultura popular aponte características exclusivas de determinadas épocas. Porque em pleno séc. XVIII, no berço das luzes, do Aufklärung, em que a humanidade louvava a ciência e ficava impressionada com a sua própria racionalidade, a figura mística do vampiro começou a fazer parte do senso comum? Expressando um paradoxo, quase 300 anos depois, estamos finalmente cegos por nossas próprias luzes científicas, vivendo em um mundo hipócrita, conectados, sempre trabalhando, e plenamente satisfeitos com nossa masturbação metodológica, racional, fria, lógica, desumana. Fascinado pelas luzes da caverna, quase esquecemos que precisamos de escuridão; precisamos - como a coruja da Filosofia - sobrevoar o desconhecido no silêncio, enquanto todos os outros animais dormem tranquilamente.

O vampiro não representa apenas nosso reflexo oculto, nosso fascínio pela morte e pelo lado negro da alma. Ele representa tudo aquilo que negamos em nós mesmos, todos os instintos primários que tentamos, inutilmente, asfixiar com padrões e comportamentos socialmente aceitáveis, o ódio e os pecados que deixamos para trás, junto com parte de nossa humanidade.

Parece que os monstros, afinal, tem muito o que nos ensinar.

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*abaixo alguns trechos da Antologia do Vampiro Literário
"Eis o que se lê nas cartas Judias, de 1738;

Acaba de ocorrer nessas paragens (Hungria), uma cena de Vampirismo devidamente comprovada por dois oficiais do Tribunal de Belgrado, que estiveram no local, e por um Oficial das Tropas do Imperador, testemunha ocular dos procedimentos. No início de setembro morreu, na vila de Kisinova, um velho de sessenta e dois anos, depois de três dias de ser enterrado, ele apareceu novamente para seu filho, pedindo algo para comer. Ele comeu e depois desapareceu. No outro dia, o filho reportou o caso para o Oficial Imperial.

Na noite seguinte, o filho e outros cinco habitantes da pequena vila amanheceram mortos. O Oficial Imperial, sabendo das circunstâncias, mandou abrir todos os túmulos daqueles que haviam morrido na última semana; quando chegaram ao Velho, encontraram-no de olhos abertos e vermelhos, respirando naturalmente mas, ao mesmo tempo, imóvel como um morto. O Carrasco lhe enfiou uma estaca no coração, e nesse momento o cadáver soltou um grito lancinante, jorrou sangue e finalmente morreu.

Graças a Deus, não acreditamos em nada disso. Admitimos, porém, que todas as Luzes da Física que possamos lançar sobre esse fato são incapazes de nos revelar algo de suas possíveis causas. Todavia, não podemos refutar como verossímil um fato comprovado juridicamente, e por autoridades confiáveis.

Relato extraído  da carta Magia Posthuma, de 1706, destinada ao Principe Carlos de Lorena;

Uma mulher, em um certo vilarejo, foi enterrada como de costume. Quatro dias após seu falecimento, os habitantes da vila ouviram um grande ruído e um tumulto extraordinário, e viram um Espectro que aparecia, ora em forma de homem, ora em forma de cão, para diversas pessoas, causando-lhes grandes males ao sufocá-los e despedaçar os seus corpos.

Diversos exemplos de aparições como esta são relatadas. Um pastor morto no vilarejo de Blow, perto da cidade de Kadan, na Boêmia, apareceu durante certo tempo chamando o nome de pessoas, pessoas essas que infalivelmente caiam mortas sete dias depois. Os camponeses desenterraram o corpo desse pastor e o prenderam à terra, atravessando-o com uma estaca. Mesmo nesse estado, o homem zombava daqueles que lhe transpassavam, quebrando a estaca e agradecendo a bondosa caridade de um bastão para proteger-se dos cães. Ele sufocou várias pessoas nesse momento, até que o atearam fogo. O cadáver então urrava como furioso, remexia os pés e as mãos, deu gritos altíssimos e soltou sangue em grande quantidade, até finalmente transformar-se em cinzas."

quinta-feira, 14 de julho de 2011

The Heming Way


Texto escrito por Marty Beckerman para a revista Wired.
traduzido por Ceriblog
Se Ernest Hemingway não tivesse cometido suicídio há 50 anos atrás, ele provavelmente estaria morto hoje de qualquer forma (nenhum fígado poderia aguentar mais de um século de abuso alcóolico. Nem mesmo o do 'Papa')
Mas se a Newsweek pode fantasiar com a princesa Daiana escapando da morte, então podemos imaginar como seria se Hemingway andasse - ou tropeçasse - entre nós em 2011. O que o escritor beberrão e aventureiro pensaria do nosso estilo de vida moderno?
Não muita coisa. Nós somos obcecados em conquistar o mundo digital - acumular seguidores no Twitter, amigos no Facebook, recomendações no LinkedIn - e Hemingway conquistou o mundo real. A emoção de um retweet de Roger Ebert ou Ashton Kutchner nunca vai se comparar com a adrenalina de correr com touros selvagens ou batalhar contra tubarões vorazes no meio do oceano para tentar recuperar um peixe de prêmio. 
Até a luta, o esporte mais sangrento e antigo de todos, logo vai acabar, e dentro de pouco tempo vai se transformar em uma simulação orquestrada por um joystick, com um guerreiro de cada lado do mundo entrando no campo de batalha virtualmente, tudo isso graças à nossa crescente busca por construir andróides para fazer nosso trabalho sujo. - Apenas outro videogame, a metáfora perfeita de nosso tempo.- Mas atacar com o controle do Nintendo Wii não é nenhum substituto para enfiar uma baioneta nas entranhas de um soldado das forças armadas leais à Franco. - na verdade, isso hoje é fácil de fazer, porque esses soldados já estão mortos há, mais ou menos, 100 anos.
Da mesma maneira, usar um GPS não substitui a exploração em campo aberto. Porque 'visitar' a África selvagem com o Google Earth não é o mesmo do que caçar ao vivo aquelas magníficas criaturas de carne e osso.
O ex-senador republicano Anthony Werner, que estragou seu casamento ao mandar algumas fotos digitais safadas para diversas mulheres, epitomiza essa masculinização contemporânea eletrônica. Hemingway era um grande fã em estragar casamentos - ele mesmo se divorciou três vezes - mas ele tinha culhão para REALMENTE trair suas mulheres, não apenas emocionalmente ou virtualmente (na verdade, ele tinha apenas uma única emoção, que era a sede de sangue nas suas caçadas pelas savanas da África) 
Nós precisamos deixar de lado nossos tablets e smartphones, e voltar a desafiar a Mãe Natureza à nos matar pela nossa ambição e arrogância, seja caçando um leão faminto ou subindo o Kilimanjaro. Zerar o Angry Birds ou plantar cenouras no Farmville não é a maneira certa de sentir realmente o gosto de nossa humanidade.
Você não iria preferir aprender sobre as coisas da vida através da aventura (e de desafortunadas viagens comendo miojo) do que através da Wikipédia?
Tecnologia não é de toda ruim; é apenas um problema quando os atalhos fáceis e distrações viciantes nos transformam em seres preguiçosos, incompetentes e incapazes de saber a diferença entre "você é", "vc é" e "vé, véi?". Hemingway aconselhou os romancistas: "escrevam bêbados, editem sóbrios", hoje, no Facebook, todos escrevem bêbados e não editam nada.
"O medo da morte aumenta na proporção exata do aumento da riqueza", Hemingway disse uma vez. Hoje, muitos de nós nos tornamos ricos na moeda da 'covardia'. Nós temos tantas coisas e tão poucas experiências. Nós estamos desesperados para viver o maior tempo possível, e não o melhor possível. Estamos com tanto medo de dizer 'adeus' à esse mundo, sendo que ainda não dissemos nem 'olá'.
Nós estamos debilitados pela nossa alta-definição, aparelhos Wi-Fi, gananciosos por possuir cada vez mais objetos sem valor - o melhor, o mais rápido, o mais brilhante gadget - ao invés de viver a nossa vida de cada dia, com o maior prazer possível. 
Se Hemingway não tivesse se matado por desespero em 1961, ele se mataria em 2011, por desgosto.
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sábado, 25 de junho de 2011

I´m Outta Time

Eu não conseguia dormir e essa maldita música ficava ressoando na cabeça. Tive que exorcizar ela de algum jeito (o tom sépia não foi intencional, alguém mexeu na minha câmera e só fui notar depois)