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quinta-feira, 31 de março de 2011

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“Considerai primeiramente que, querendo formar um homem da natureza, nem por isso se trata de fazer dele um selvagem, de jogá-lo no fundo da floresta; mas que, entregue ao turbilhão social, basta que não se deixe arrastar pelas paixões nem pelas opiniões dos homens; que veja com seus olhos, que sinta com seu coração; que nenhuma autoridade o governe a não ser sua própria razão. Nesta posição, é claro que a multidão de objetos que o impressionam, os freqüentes sentimentos que o afetam, os diversos meios de prover a suas necessidades reais, devem dar-lhe muitas idéias que nunca houvera tido ou que houvera adquirido lentamente. O progresso natural do espírito é acelerado, nunca invertido. O mesmo homem que deve permanecer estúpido nas florestas deve tornar-se racional nas cidades, ainda que nelas seja simples espectador. (...) 

OH! virtude, ciência sublime dessas almas simples, serão necessários, então, tanta pena e tanto aparato para conhecer-te? Teus princípios não estão gravados em todos os corações? E não bastará, para aprender suas leis, voltar-se sobre si mesmo e ouvir a voz da consciência no silêncio das paixões? Aí está a verdadeira filosofia; saibamos contertarmo-nos com ela e, sem invejar a glória desses homens célebres que se imortalizam na república das letras, esforcemo-nos para estabelecer, entre eles e nós, essa gloriosa distinção que outrora se conhecia entre dois grandes povos: um sabia dizer bem e o outro obrar bem." 

*Jean Jacques Rousseau