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terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Bom Selvagem




‘“Quantas vezes, à hora do almoço ou à do jantar, sentia-me empolgado. Dava, então, humildes ações de graças a Deus Nosso Senhor, por me ter dado tantas coisas, por me ter permitido conseguir alimento no meio do deserto (...) Deste modo, sempre, procurei considerar mais o lado bom da minha condição do que o mau. Procurando alegrar-me com o que possuía e não me desesperar com o que não tinha, porque os desgostos que nos avassalam e mortificam, relativamente às coisas que não temos, são todos frutos da falta de reconhecimento pelo que possuímos.” (Robinson Crusoé)

“Desde que precisamos absolutamente dos livros, existe um que fornece, ao meu ver, o mais feliz tratado da educação natural. Esse livro será o primeiro que Emílio lerá; ele sozinho constituirá durante muito tempo toda a sua biblioteca e sempre terá nela um lugar importante. Será o texto a que  todas as nossas conversações acerca das ciências naturais servirão apenas de comentários. Servirá para comprovar os progressos de nossos juízos. E enquanto nosso gosto não se estragar ele nos agradará sempre. Mas qual esse livro maravilhoso? Aristóteles? Plínio? Buffon? Não: Robinson Crusoé” (J.J. Rousseau) 

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Armando Vara fala sobre o Japão



tiramos 10 na oitava série com este documentário extraordinário.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Quaerendo Invenietis

Do primeiro zero a gente nunca esquece.

Esse número, criado pelo Hindus ou pelos Babilônios; vital para o desenvolvimento da civilização; essa dádiva, representação do vazio, do caos e a base para todas as teorias numéricas, o zephirum fundamental de todo o raciocínio humano, e que foi embutido de todo um significado moral na sociedade contemporânea, mais especificamente nas provinhas do sábado de manhã colégio marista.

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Este número - ou não-número -  fundamental foi, ironicamente, a minha nota naquela fatídica prova de matemática, que eu segurava com a perplexidade de um macaco que se vê diante de uma máquina de pinball. 

Até hoje eu lembro do esforço imenso que eu tinha que empreender a fim de passar raspando nas inúmeras disciplinas de "matemática" que me perturbaram durante toda minha vida, no colégio e além. Primeiro foram as tabuadas, depois bhaskara, seguidos da geometria, dos logs, de potência infinitas e matrizes; para mim, tudo isso parecia um imenso exercício inútil, um trabalho de Sísifo que consumia todo meu precioso tempo, no qual eu poderia estar fazendo coisas muito mais produtivas: meu Tamagochi precisava ser alimentado, eu ainda não tinha visto o último episódio do X-Files e tinha que experimentar uma nova cola artesanal que aprendi fazer no mundo de Beakman. 

Cada vez mais eu comecei a subornar minha própria consciência de que a verdade não podia se encontrar naquele quadro cheio de rabiscos incompreensíveis e naquele professor cansado da própria vida; o agente Mulder tinha razão. A verdade, ela tinha que estar lá fora. Talvez na cantina do Laerte.

Quando fiquei mais velho e comecei a descobrir as maravilhas infinitas proporcionadas pelo coquetel de álcool, mulheres e rock and roll, minhas inclinações matemáticas começaram misteriosamente a se deteriorar ainda mais - ao ponto de eu ter uma imensa preguiça mental para fazer contas de adição/subtração, e deixar todo o cálculo dos churrascos e do poker nas mãos dos meus amigos que faziam engenharia,  tendo assim uma óbvia desvantagem evolutiva no gerenciamento do meus escassos trocados.

Para fugir do meu fardo, para evitar de levar nas costas esse meu arqui-inimigo milenar, que escolhi fazer dois cursos na área de humanas. Com certeza eu não teria nenhuma matéria envolvendo aquela parte sub-utilizada do meu cérebro no jornalismo ou na filosofia. Aí fomos surpreendidos novamente - depois de gastar penosos cinco anos para matar na Filosofia o monstro de sete cabeças chamado de 'lógica proposicional', eu cheguei a uma simples conclusão: meu raciocínio analítico é uma piada de mal gosto.

Não é a toa que eu me senti revigorado ao ser levado por forças ocultas a comprar um tomo de 800 páginas chamado 'Gödel, Escher, Bach - an Eternal Golden Braid' - uma obra genial de Douglas Hofstader que a cada dia me faz enxergar os números para além do véu desfigurado de minha formação acadêmica - para além das provinhas de sábado a tarde, dos professores com tendências suicidas ou das japonesas/chinesas malditas que decoram a tabuada de trás pra frente. 

Meu interesse por esta ciência foi reacendido,
e eu nunca me senti tão orgulhoso daquele singelo zero.
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"Números são uma distorção da realidade. No entanto, existe um senso antigo e inato nas pessoas de que os números não deveriam ser vistos dessa maneira. Existe algo limpo e puro na noção abstrata dos números, e deve existir alguma forma de falar sobre os números sem ter a inconveniência da realidade como invasora de nosso raciocínio.

As regras pontuais que governam os números 'ideais' constituem a aritmética, e suas conseqüências avançadas constituem a 'teoria dos números'. Existe uma questão relevante a ser considerada, na transição dos números embasados em coisas práticas do cotidiano para da dos números vistos como estruturas formais. Uma vez que decidimos encapsular toda a teoria dos números dentro de um sistema ideal, é realmente possível fazer o trabalho completamente? Os números são tão puros e cristalinos e consistentes que sua essência pode ser completamente capturada dentro de um sistema formal? A figura 'Liberation', uma das mais lindas pinturas de Escher, é um contraste maravilhoso entre o formal e o informal, apresentando uma fascinante região de transição entre os dois. 

Seriam os números livres como os pássaros? 

Eles sofrem enormemente por serem cristalizados dentro de um sistema de regras fixas?

Existe uma zona de transição mágica entre os números como são na realidade e a forma como eles são representados dentro dos axiomas formais?


Cabe a nós descobrirmos esse enigma."
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abraços!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Everything Reminds me of Her

Fim de tarde frio, e eu aproveito minha voz de gripe pra tentar fazer alguma coisa parecida com a música do Elliot Smith;