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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Humano, Demasiado Humano...


Quando eu ouvi o terceiro trovão seguido, corri para uma banca de revistas. Esperando a chuva/caos/alagamento/dilúvio passar ou talvez continuar e matar todos os habitantes pecadores de São Pompéia , eu aproveitei para me divertir folheando algum exemplar daquela popular prateleira de livros giratória - caso a imagem mental não tenha surgido, é o lugar que sempre deixam os clássicos da literatura que custam R$ 9,99 cada. Peguei o 'Humano, Demasiado Humano' do Nietzsche e abri em uma página aleatória - é a minha forma precária de conferir conteúdo, já que em minha opinião a orelha do livro ou aquele resuminho de trás geralmente entregam coisa demais (mas com certeza em Nietzsche esse não é o caso).

Uma vez eu ouvi falar do 'Humano...' em uma palestra na UEL sobre a singularidade em Nietzsche, mas a única coisa que eu "li" - e coloco o verbo "ler" entre aspas pois eu sei que para ler de verdade o bigodudo você precisa ter mais referências mitológicas que Matusalém teve em toda sua breve vida - foi o 'Assim Falava Zaratustra'. Gostei dele, mas do mesmo jeito que eu gosto de pudim***.

Enfim, o que eu li no 'Humano...' me chamou a atenção, então transcrevo abaixo:

231 - A Origem do Gênio - A engenhosidade com que o prisioneiro busca meios para sua libertação, utilizando fria e pacientemente cada ínfima vantagem, pode demonstrar que o procedimento da natureza às vezes se serve para produzir um gênio - palavra que, espero, será entendida sem nenhum ressaibo religioso ou mitológico -: ela o prende em um cárcere e estimula ao máximo seu desejo de se libertar. - Ou, para recorrer a outra imagem: alguém que se perdeu completamente ao caminhar pela floresta, mas que, com energia invulgar, se esforça por achar uma saída, e descobre às vezes um caminho que ninguém conhece. Assim se formam os gênios, aos quais se louva a originalidade....

Nesse exato momento meu ônibus chegou e eu tive que deixar para trás o conforto da sabedoria para correr 100 metros rasos cheios de água e desafiar a 2ª Lei de Newton.

Isso me deixou pensando; Talvez a tempestade e o ônibus lotado sejam equivalentes ao empurrão da natureza na escuridão da floresta.

Ou não.

*** Ou seja, se tiver na geladeira eu como, mas nunca vou me dar o trabalho de ter uma reflexão filosófica sobre os ingredientes.

4 comentários:

Vagner disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vagner disse...

pensei em muitas coisas para escrever nesse comentario...
depois de um tempo desisti de todos os argumentos que tinha pensado...
nao vou sair em defesa do bigode dessa vez nao, nada de apologia ao conhecimento de referencias mitologicas matusalénicas... nem menos um comentario sobre a reflexao filosofica dos ingredientes do pudim... nao escreverei nenhuma palavra sobre comer Nietzsche se ele estive na geladeira ou entre os classicos de R$ 9,99...
apenas faço um ode ao "conforto da sabedoria" essa sim, nao tem preço, pode estar em qualquer lugar (dentro da geladeira é abundante) e os ingredientes nao sao muitos: um espirito livre e o caos dentro de si...
um abraço,
muito bom o texto,
flw!!!

Luciano disse...

Cara, tava lendo exatamente isso no fds! hahaha

Rafael Ceribelli Nechar disse...

Salve, Grande Vagner, o Gladiador! hahaha

Seus comentários são sempre qualificados cara, afinal "É preciso ter o Caos dentro de si para dar a luz a uma estrela que dança"!
Abraço!