"O estudante Doku chegou até o Mestre Zen, e disse: "Estou procurando a Verdade. Em qual estado da minha mente eu devo chegar, para alcançá-la?"
O Mestre diz: "Não existe mente, então você não pode chegar a nenhum lugar. Não existe Verdade, então você não pode alcançá-la."
- "Se não existe mente para treinar,e nenhuma verdade para encontrar, porque você é mestre desses monges que vêm até aqui todos os dias para estudar e praticar o Zen?"
- "Eu não tenho nenhum centímetro de espaço aqui" - diz o Mestre - "então como podem os monges se reunirem nesse espaço? Eu não tenho língua, então como posso chamá-los até aqui ou ensiná-los?"
"Oh, como você pode ser tão mentiroso?" pergunta Doku.
"Se eu não tenho lingua para falar com as pessoas, como posso mentir para você?" pergunta o Mestre.
Então Doku responde, tristemente "Eu não posso ser seu discípulo. Eu não consigo entendê-lo."
"Eu não consigo me entender", diz o Mestre
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O que é dualismo?
Dualismo é a divisão conceitual do mundo em categorias. É possível transcender essa tendência natural? Pelo prefixo da palavra 'divisão' com a palavra 'conceitual', eu posso ter dado a impressão de que se trata de um esforço intelectual e consciente, e talvez possa fazer alguém assumir que o dualismo pode ser ultrapassado simplesmente com a supressão do pensamento (como se suprimir o pensamento fosse algo simples!). Mas a quebra do mundo entre categorias acontece em um nível muito inferior à camada superior da lógica; na verdade, dualismo é uma questão perceptiva do mundo entre categorias. Em outras palavras, a percepção humana é por natureza um fenômeno dualístico - o que faz a jornada pela iluminação ser uma batalha dificílima, para dizer o mínimo.
No coração do dualismo, de acordo com o Zen, estão as palavras --á apenas as palavras. O uso de palavras é inerentemente dualístico, sendo que cada palavra representa, obviamente, uma categoria conceitual. Dessa maneira, uma parte considerável da filosofia Zen é a luta contra a confiabilidade das palavras. Para combater o uso das palavras, um dos melhores instrumentos é o koan, onde as palavras são tão profundamente abusadas que a compreensão da história é nula. Assim sendo, é talvez errado dizer que o inimigo da iluminação é a lógica; na verdade, é o pensamento verbal, dualístico. Talvez até mais básico do que isso: é a percepção. Assim que você percebe um objeto, você desenha uma linha entre isto e o resto do mundo: você divide o mundo, artificialmente, em partes, e dessa maneira você se perde do Caminho.
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