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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Olhos Azuis



Todo domingo, se eu consigo salvar o meu jornal das ferozes mandíbulas da pepa (meu rotweiller) eu gosto de folhear as páginas da Folha de S. Paulo - se normalmente a linha editorial já é bacana e recheada de informação, a edição de domingo sempre é acima da média.

Eu geralmente guardo o encarte da "Ilustríssima" para ler durante a semana, e hoje achei uma matéria muito legal sobre a fase romântica do Marx. Eu nem sabia que isso existia, mas parece que, antes do autor escrever "O Capital" e ficar famoso nos panelaços da galera de ciências sociais do CCH, ele escreveu alguns pedaços de um 'quase romance', e desistiu no meio. Vou transcrever abaixo o cap. XIX, que me chamou mais a atenção:

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"Mas ela tinha grandes olhos azuis, e olhos azuis são comuns como as águas do rio Spree.

Desses olhos irrompe uma tola e saudosa inocência, uma inocência que lamenta a si mesma, uma inocência aquosa; quando o fogo se aproxima, ela ascende em um vapor azulado. Os olhos castanhos, contudo, são um reino ideal; um infinito e gracioso universo noturno ali dormia, eles expelem raios d´alma, soam como as canções de Mignon, como a terna, cálida, e longínqua terra habitada por um próspero deus que se banqueteia de sua própria profundidade e se funda no universo de sua existência, irradiando a infinitude e padecendo da infinitude. 

Sentimo-nos paralisados por um encanto, e desejamos apertar em nosso peito o melodioso, profundo, inspirado ser; sugar o espírito de teus olhos e fazer canções a partir de seus olhares. 

Amamos o mundo rico e agitado do que se nos abre; em seu poscêncio enxergamos gigantescos pensamentos solares, supomos a existência de um sofrimento demoníaco; e figuras que se movem delicadamente encenam uma dança diante de nós, acenam em nossa direção e retrocedem envergonhadas, como as Graças, assim que as reconhecemos."

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Mais uma vez eu penso comigo mesmo que, talvez, Marx não seja tanto assim um chute no saco e que, se não existissem os gritos incoerentes dos pastores 'marxistas', eu até tentaria ler mais coisas dele.

abraços!



domingo, 23 de janeiro de 2011

O Ataque dos Bundóides

Semana passada fiz uma matéria para a Folha de Londrina sobre o cartunista londrinense Fí, que publica seus quadrinhos na revista MAD.

A arte do cara é muito bacana, e abaixo está um exemplo de sua zine "Ânsia na Goela" (clique na imagem para aumentar)

para mais informações sobre o Fí no blog http://falafi.blogspot.com/

abraços!

domingo, 2 de janeiro de 2011

2011 no molho madeira



2011! Uhul! É bom estar de volta!

Mesmo não dando tempo para atualizar tão constantemente isso aqui - com textos 'bloggísticos' da mais duvidosa qualidade - eu espero que exista alguma pobre alma, do outro lado do abismo, que ainda leia o CeribloG e que ainda se divirta com essa pobre bagaça de Blogger, tão desvalorizada nessa época twitteira.

Pelo bem ou pelo mal, isso aqui tem quase 3 anos de existência, e isso faz do blog quase que um símbolo da resistência Oldscholl nessas terras virtuais sem-lei, onde já vimos o nascimento e morte virtual do Mirc, icq, fotolog, orkut e tantas outras coisas que um dia eu preenchi com textos inúteis, letras de música e humor negro.

Eu tive a idéia de fazer este blog para usar como um arquivo, e guardar na internet todos os textos que eu produzi na filosofia e no jornalismo mas, pouco a pouco, eu tomei gosto pela coisa, e volta e meia eu estava aqui, depois de uma noite bêbada e/ou entediante - não mutuamente excludentes - escrevendo.

O mundo girou, e mesmo que por dentro eu continue sendo um vagabundo e usando calças de skatista, eu agora trabalho igual um cão; tenho hora para dormir e acordar; como frutas e verduras e gosto de, simplesmente, não fazer nada o máximo possível. Aqui fala o cara que está blogando no IPad, tomando tereré, ouvindo uma radio do norte da Calábria e olhando de relance o último capítulo do family guy - aproveitar no limite a grandiosidade de não fazer porra nenhuma é um objetivo nobre e difícil nos tempos de hoje.

Eu desejo para todos vocês, os leitores anônimos neste ano pré-apocalíptico, exatamente isso: aproveitem seus momentos de vagabundagem, empinem pipas, joguem xadrez, escutem a nova música instrumental de 17 minutos do Thom Yorke com os pés dentro de uma piscina e, se ficarem sem nada - NADA MESMO - para fazer, visitem o blog e vejam se eu tive algum tempo de não-tempo e atualizei isso aqui. É sempre um prazer terapêutico para mim conversar com vocês.

Para finalizar, deixo aqui o discurso inspirador do meu amigo Jansen Borowski, falando sobre a vida, o universo e todo o resto em seu discurso de formatura na USP.

Peguem seus carrinhos de supermercado e boa-sorte.

Abraços e Feliz 2011!