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quinta-feira, 14 de julho de 2011

The Heming Way


Texto escrito por Marty Beckerman para a revista Wired.
traduzido por Ceriblog
Se Ernest Hemingway não tivesse cometido suicídio há 50 anos atrás, ele provavelmente estaria morto hoje de qualquer forma (nenhum fígado poderia aguentar mais de um século de abuso alcóolico. Nem mesmo o do 'Papa')
Mas se a Newsweek pode fantasiar com a princesa Daiana escapando da morte, então podemos imaginar como seria se Hemingway andasse - ou tropeçasse - entre nós em 2011. O que o escritor beberrão e aventureiro pensaria do nosso estilo de vida moderno?
Não muita coisa. Nós somos obcecados em conquistar o mundo digital - acumular seguidores no Twitter, amigos no Facebook, recomendações no LinkedIn - e Hemingway conquistou o mundo real. A emoção de um retweet de Roger Ebert ou Ashton Kutchner nunca vai se comparar com a adrenalina de correr com touros selvagens ou batalhar contra tubarões vorazes no meio do oceano para tentar recuperar um peixe de prêmio. 
Até a luta, o esporte mais sangrento e antigo de todos, logo vai acabar, e dentro de pouco tempo vai se transformar em uma simulação orquestrada por um joystick, com um guerreiro de cada lado do mundo entrando no campo de batalha virtualmente, tudo isso graças à nossa crescente busca por construir andróides para fazer nosso trabalho sujo. - Apenas outro videogame, a metáfora perfeita de nosso tempo.- Mas atacar com o controle do Nintendo Wii não é nenhum substituto para enfiar uma baioneta nas entranhas de um soldado das forças armadas leais à Franco. - na verdade, isso hoje é fácil de fazer, porque esses soldados já estão mortos há, mais ou menos, 100 anos.
Da mesma maneira, usar um GPS não substitui a exploração em campo aberto. Porque 'visitar' a África selvagem com o Google Earth não é o mesmo do que caçar ao vivo aquelas magníficas criaturas de carne e osso.
O ex-senador republicano Anthony Werner, que estragou seu casamento ao mandar algumas fotos digitais safadas para diversas mulheres, epitomiza essa masculinização contemporânea eletrônica. Hemingway era um grande fã em estragar casamentos - ele mesmo se divorciou três vezes - mas ele tinha culhão para REALMENTE trair suas mulheres, não apenas emocionalmente ou virtualmente (na verdade, ele tinha apenas uma única emoção, que era a sede de sangue nas suas caçadas pelas savanas da África) 
Nós precisamos deixar de lado nossos tablets e smartphones, e voltar a desafiar a Mãe Natureza à nos matar pela nossa ambição e arrogância, seja caçando um leão faminto ou subindo o Kilimanjaro. Zerar o Angry Birds ou plantar cenouras no Farmville não é a maneira certa de sentir realmente o gosto de nossa humanidade.
Você não iria preferir aprender sobre as coisas da vida através da aventura (e de desafortunadas viagens comendo miojo) do que através da Wikipédia?
Tecnologia não é de toda ruim; é apenas um problema quando os atalhos fáceis e distrações viciantes nos transformam em seres preguiçosos, incompetentes e incapazes de saber a diferença entre "você é", "vc é" e "vé, véi?". Hemingway aconselhou os romancistas: "escrevam bêbados, editem sóbrios", hoje, no Facebook, todos escrevem bêbados e não editam nada.
"O medo da morte aumenta na proporção exata do aumento da riqueza", Hemingway disse uma vez. Hoje, muitos de nós nos tornamos ricos na moeda da 'covardia'. Nós temos tantas coisas e tão poucas experiências. Nós estamos desesperados para viver o maior tempo possível, e não o melhor possível. Estamos com tanto medo de dizer 'adeus' à esse mundo, sendo que ainda não dissemos nem 'olá'.
Nós estamos debilitados pela nossa alta-definição, aparelhos Wi-Fi, gananciosos por possuir cada vez mais objetos sem valor - o melhor, o mais rápido, o mais brilhante gadget - ao invés de viver a nossa vida de cada dia, com o maior prazer possível. 
Se Hemingway não tivesse se matado por desespero em 1961, ele se mataria em 2011, por desgosto.
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