Eu me lembro que alguém, algum dia, em algum canal de TV que provavelmente eu prestei atenção durante quatro segundos e meio, disse: "Eu sinto inveja de quem nunca leu a Odisséia, porque eles ainda podem ter a indescritível sensação de lê-la pela primeira vez". Eu achei isso interessante; logo depois comprei o livro em um sebo, e minha batalha para ler a obra prima de Homero começou - e recomeçou - e se repete infinitamente durante os capítulos - ou tomos? - de I a IV.
Enfim, as páginas estão longe de ter um fim.
Eu nunca li a Odisséia; eu não sei o que Ulisses disse para a Scylla (um provável *sic* neste nome) antes de decepar suas sete ou oito cabeças e eu desconfio, infelizmente, que para eu chegar a essa 'sensação indescritível' sem a ajuda de drogas psicotrópicas eu precisaria ler o texto no original - e meu chute é que ler grego pode ter, em algum micronível de subconsciência, o mesmo efeito que tomar um chá de cogumelos nascidos no meio de estrume bovino.
Mas eu entendo o velho barbudo no canal desconhecido. Eu acabei de sentir essa espécie de 'melancolia literária' quando fechei a última página do último livro de Dirk Gently (escrito pelo genial D.A.); e eu tenho um peso enorme na consciência ao chegar a conclusão que é isso - acabou - nunca mais vou ter o consolo de abrir uma de suas páginas e pensar "nossa que coisa idiota." ou "nossa que genial" ou, mais freqüentemente, "Que genialidade idiotística incomensurável!".
O que me resta agora é não entrar em pânico - comprar uma toalha, viajar pelo mundo e sempre ter em mente que, independente da situação horrível em que eu me encontrarm fisicamente ou emocionalmente, sempre em um planeta distante, em uma colina de fogo estará escrita, em letras maiúsculas, a grande mensagem da Força Superior...............
DESCULPE PELA INCONVENIÊNCIA.
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"It can hardly be a coincidence that no language on Earth has ever produces the expression "as pretty as an airport.". Airports are ugly. Some are very ugly. Some attain a degree of ugliness that can only be a result of a special effort. This ugliness arises because airports are full of people who are tired, cross, and have just discovered that their luggage has landed in Murmansk (Murmansk airports are the only known exception to this otherwise infallible rule).
Kate Schechter stood and doubted. All the way out of London to Heathrow she had suffered from doubt. She was not a supersticious person, or even a religious person, she was simply someone who was not at all sure she should be flying over to Norway. But she was finding it increasingly easy to believe that God, if there was a God, and if it was remotely possible that any godlike being who could order the disposition of particles at the creation of the Universe would also be insterested in directing traffic on the M4, did not want her to fly to Norway either. All the trouble with the tickets, finding a next door neighbor to look after the cat, then finding the cat so it could be looked after the next-door neighbor, the sudden leak in the roof, the missing wallet, the weather, the unexpected death of the next-door neighbor, the pregnancy of the cat, even the taxi driver - when she had eventually found a taxi - has said "Normay? And what you want to go there for?" And she hadn´t instantly said "The aurora borealis!" or "Fjords!" but had looked doubtful for a moment and bitten her lip, he had said "forget Norway, go to Tenerife."
There was an idea...
Tenerife."
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