Alô, caros leitores - tem alguém aí? - eu só passei para avisar que não, eu não abandonei completamente meu blog em 2010; mas minhas férias desse ano foram uma mistura de trabalho (sem brincadeira) com álcool, então eu passei uma grande parte do meu tempo ocioso me recuperando de um dos dois, - ou o cérebro ou o fígado - e o blog ficou meio que esquecido. Mas não temam! Todo carnaval tem seu fim e agora o ano de verdade começou. (será?)
Eu não tenho nada demais para escrever hoje, particularmente. São Paulo chovendo como sempre,e eu preciso de inspiração para dar o 'sprint' final da minha pós em Cinema; então vou me poupar o trabalho de hoje, fazer um tereré e postar aqui os primeiros parágrafos do meu artigo sobre 'Crossmedia', esperando que com essa atitude preguiçosa eu consiga retirar a poeira e as teias de aranha do Ceriblog hahaha
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""O tom avermelhado, que preenchia os céus enquanto o sol se punha por entre as montanhas, refletia a urgência que pairava no ar daquela pequena cidade no começo do outono. O cenário, com o barulho das folhas livres levadas pelo vento para longe das árvores seminuas, e que outrora inspiraria um sentimento bucólico no coração de qualquer transeunte, era visto agora apenas como desolador; como se a terra infértil e os pobres habitantes daquele pequeno pedaço do planeta tivessem sido completamente esquecidos por Deus. O fim havia chegado.
Imerso em seus pensamentos, sentado em sua varanda, na cadeira de balanços - sua velha, desgastada e barulhenta companheira de tantos finais de tarde – encontrava-se um homem. Ele respirava profundamente, a ponto de inalar quase que por completo a fumaça do seu charuto, já metade gasto; fazia isso como se, de alguma forma, tentasse aproveitar toda a essência desperdiçada em seu famigerado passado. Como se esse último charuto compensasse os tantos outros cigarros, tragados tão apressadamente. Sua barba malfeita e seus olhos, negros como a noite, aparentavam serenidade em meio ao turbilhão dos acontecimentos: “uma coisa de cada vez, John” - pensava consigo mesmo - “uma coisa de cada vez.” – isso era tudo que ele conseguia pensar enquanto limpava a poeira dos canos de sua espingarda de caça.
- Somos todos pecadores, e esse é o nosso castigo – o discurso ecoava por entre as paredes da capela de madeira, e um silêncio sepulcral imperava no pequeno salão onde se aglomeravam mulheres, velhos e crianças. Todos ouvindo atentamente as palavras do homem, que aparentava um tom profético, em sua frente – O demônio finalmente chegou, e chegou nas ondas de nossos rádios! Agora ele veio para buscar as almas impuras e pecadoras de nosso mundo! Mas não temam, pois o Senhor irá proteger os verdadeiros missionários da Fé. Nada mais nos resta, agora só devemos esperar a redenção de nossos pecados... – Após este breve discurso, o silêncio continuou, só sendo interrompido algumas vezes pelo murmúrio do choro das crianças.
A alguns quilômetros da antiga capela, um carro disparava em alta velocidade pela deserta North Cascades Highway - “Eu preciso escapar.” – e isso era tudo que o jovem pensava enquanto pisava firmemente no acelerador. Ele nunca poderia imaginar, algumas horas atrás, de que estaria fugindo pela sua vida nesse exato momento. Agora não existiam mais dúvidas do eminente Apocalipse; a explosão magnética fez a terra tremer, a cidade inteira estava sem luz e todos os telefones não emitiam nada, além de uma aterrorizante estática. A rodovia se estendia até a Methow Valley Highway, que ligava todo o sul do país. “Quanto mais ao sul, melhor. Quanto mais longe daqui, melhor.” – dizia a intuição do rapaz de 20 e poucos anos. Ao longe, o único contraste com a imensidão vazia de natureza arbórea da região era um solitário posto de gasolina. “Droga, preciso parar para abastecer.”
O frentista do único posto da região não estava acostumado com uma situação dessas; o seu pacato final de tarde foi interrompido por um carro que entrou em disparada direto para as bombas de gasolina. Um jovem apressado desceu dele e começou a abastecer imediatamente; sentindo um desconforto pela situação, o frentista correu até o local, mas já era tarde demais. O jovem, com o tanque cheio, entrou no carro e deu a partida. “Ei, você vai ter que pagar por isso!” foi tudo o que o frentista conseguiu dizer antes de ouvir a estranha resposta do homem dentro do carro: “Isso não importa mais! Daqui a pouco estaremos todos mortos!”. O frentista parou, refletindo por um momento: “Mas de que diabos ele está falando?”.... ""
abraços!
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