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segunda-feira, 28 de abril de 2008

Edgar Morin




A entrevista destaque da Folha de São Paulo de hoje foi com o filósofo francês Edgar Morin, que está no Brasil para fazer a abertura de um ciclo de palestras em Porto Alegre; à seguir o trecho de apresentação feito pela Folha sobre esse cara que é um dos últimos grandes pensadores vivos e um parágrafo sobre sua fascinante idéia da complexidade, em que eu baseei o último capítulo do meu TCC em jornalismo intitulado "Fantasmas do Real; a Imagem e o Novo Paradigma"

Trecho retirado da Folha de S. Paulo de 28 de abril

Edgar Morin passou boa parte de sua trajetória intelectual defendendo a transdiciplinarieade, a idéia segundo a qual as ciências são complementares e o conhecimento só é válido quando colocado sob a luz da abrangência. A obra de Morin, que influenciou muitos intelectuais brasileiros, gira em torno da idéia da complexidade do mundo e do ser humano - complexidade no sentido etimológico da palavra "complexus", que significa "costurado junto".

Morin defende a interdependência das ciências e não vê problemas em introduzir elementos da metafísica em sua racionalidade discursiva. Autor de mais de 50 livros, doutor honoris causa por 18 universidades pelo mundo, Morin também é um ativista político comprometido com a defesa e resgate da humanidade. O judeu Morin defende os palestinos contra a ocupação israelense e não se cansa de denunciar os extremismos políticos e nacionalistas. Os gestos frágeis e a voz definhante não condizem com o discurso vibrante e apaixonadamente engajado de um homem que dedicou a vida ao entendimento humano:

"O intelectual é alguém que toma a palavra em público para levantar problemas fundamentais. Infelizmente, os intelectuais foram levianos quando se tornaram stalinistas ou maoístas. Eles enganaram as pessoas. Por outro lado, é ruim quando nos deparamos com um mundo entregue a peritos, especialistas e economistas, que são incapazes de enxergar a abrangência dos problemas essenciais e globais. Intelectuais são necessários, mesmo quando se enganam. Quanto mais o mundo acha que não precisa deles, mais eles fazem falta."

Trecho da minha monografia que cita Morin e seu método no capítulo "O Novo Paradigma"

"Os nossos mitos, profundos e tirânicos, encontram-se embutidos em cápsulas de idéias abstratas, inclusive na idéia desmistificadora da Razão. Virulentos, fazem parte das nossas ideologias. Há mito tipicamente moderno quando há, nas idéias fundamentais de uma ideologia, coagulação de fortes cargas de verdade cognitiva e de verdade ética (valores) e quando essas idéias se tornam autoritárias, dominadoras, sacralizadas, soberanas. Assim, a ideologia contém, subterraneamente, no seu coração, as estruturas do penamento simbólico-mágico-mítico, escondidas sob as do pensamento lógico-empírico-racional (...) A virulência de uma ideologia pode tornar-se extrema. A ideologia, vale lembrar, sempre teve uma força motora derivada da sua forte carga mitológica e do seu caráter político, isto é, de práxis, na cidade. As ideologias apossam-se e subjugam então os humanos, como faziam os deuses. É certo que os humanos obtâm, em troca, satisfações psíquicas; possuem a verdade que os possui, controlam o universo através de uma ideologia, gozam, como em verdadeiros coitos psicológicos, com a repetição dos seus thematas obsessivos, os quais fornecem à doutrina o seu erotismo enfeitiçador. Logo, os humanos chegam a viver e a morrer pela idéia."


muito bom...
abraços!

Um comentário:

Anônimo disse...

"Morin defende a interdependência das ciências e não vê problemas em introduzir elementos da metafísica em sua racionalidade discursiva."

caraca, até deu vontade de ler alguma coisa do cara hauahuahua