* entrevista feita em 09/03/2008
Karen Debértolis é jornalista e já publicou além da “Estalagem das Almas” a coletânea de poesias “Guardados” e o livro autoral “Caleidoscópio”. Em 1994 ganhou o prêmio Revelações do jornal literário Nicolau (editado pela Secretaria de Estado da Cultura pelo escritor Wilson Bueno). Formou-se pela Universidade Estadual de Londrina e trabalhou nos jornais Folha de Londrina e Gazeta do Povo, e é hoje em dia uma das maiores expoentes da literatura londrinense. Ela conversou com exclusividade comigo para uma entrevista do jornal Mosaico sobre suas idéias e o sucesso de seu mais recente livro:
Karen, você é jornalista agora há mais de quinze anos e teve seu primeiro livro, o Caleidoscópio, publicado em 1995. Como foi que você descobriu essa paixão pela literatura?
Na verdade eu tenho uma produção desde os doze anos de idade. Quando eu era adolescente eu já gostava muito de ler e de escrever, e em uma determinada altura, um pouco antes de entrar na faculdade, eu decidi que realmente pra mim isso não era apenas um hobby. Só depois que eu ganhei o prêmio do Nicolau, que foi um jornal muito importante para a literatura brasileira, é que eu comecei a fazer um trabalho um pouco mais sistemático de produção literária, e tomei a decisão que a literatura ia fazer parte da minha vida. O Caleidoscópio foi uma produção artesanal feito por mim com ajuda de meus amigos, mas já trazia em si a idéia do que eu pensava que era um livro. O livro não pode ser só o texto, mas deve ser visto como um objeto de arte.
Como surgiu a idéia de escrever “A Estalagem das Almas” e conciliar o seu texto com as fotografias de Fernanda Magalhães?
A partir do Caleidoscópio eu entrei em uma fase muito produtiva, eu já estava trabalhando como jornalista e continuava minha produção literária, então em 95 eu comecei a escrever alguns textos a partir de histórias que pessoas me contavam, situações comuns a todas as pessoas. Esses textos no princípio eram soltos, mas eu comecei a identificar que eles tinham uma ligação entre eles. Eu sempre penso o livro como um projeto, e nessa época que eu comecei a estruturar a narrativa da “Estalagem”. Em um determinado momento eu senti que os textos eram muito imagéticos, então pensei em trabalhar em conjunto com uma outra linguagem, que é a fotografia. Nesse ponto eu chamei a Fernanda Magalhães para trabalhar comigo.
O “Estalagem” recentemente foi apresentado na Bélgica pelo grupo de teatro Noissete em uma peça intitulada “Além Mar”. Como foi essa experiência?
Foi uma surpresa muito agradável para mim. O grupo Noisette, de Londrina, é que faz esse teatro, e quando a secretaria de Cultura mandou alguns livros para lá eles entraram em contato comigo falando do interesse de produzir uma peça baseada na “Estalagem”. O grupo já estava pensando em uma peça que discutisse a questão da vida do imigrante fora do Brasil, dessa sensação de ser um estrangeiro, de estar em um lugar onde você não pertence, e eles encontraram no livro várias questões que se adequavam ao que eles estavam discutindo. Eu achei muito legal, porque uma das idéias que eu tive quando escrevi o “Estalagem” foi exatamente essa de montar uma peça baseada nele.
A escrita narrativa do “Estalagem das almas” revela uma linguagem enigmática, quase onírica, e que nos leva a uma reflexão profunda sobre as angústias e contradições de nossos sentimentos. Você já imaginava a necessidade dessa linguagem poética desde o principio do livro ou ela foi sendo construída gradualmente?
A ‘Estalagem’ é o meu livro em que eu mais experimento a linguagem, então ali está muito presente a característica de todo meu trabalho, que é a prosa poética. O livro possui uma história que poderia ser contada com uma narração simples, só que a partir dessa narrativa eu trabalhei uma questão da linguagem de uma forma muito livre. Eu experimentei radicalmente, e tentei construir frases que às vezes parecem tortuosas e longas, mas que possuem uma melodia muito específica e que tem a ver com a proposta experimental que eu tive desde a idéia original do projeto. Hoje nós temos um dificuldade em definir qualquer forma de arte, pois tudo é muito hibrido. Sempre me perguntam se a “Estalagem” é um romance, um conto longo ou uma poesia, mas ela em tantos elementos que não cabe em uma classificação literária específica.
Cada um dos
Isso transpassa pela leitura. Por isso que eu acredito que o livro ganha vida nos olhos do leitor, a dúvida que muitas pessoas me trazem é se a estalagem diz respeito aos diversos sentimentos de uma pessoa só, mas isso depende exclusivamente do ponto de vista de quem lê. A grande mágica da literatura é justamente essa interpretação que cada um vai poder dar para si de uma obra.
para saber mais dos trabalhos de Karen visite:
http://karendebertolis.blogspot.com/
abraços!
Um comentário:
Valeu Ceribelli, muito legal a edição. Grande beijo.
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