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quarta-feira, 19 de março de 2008

Discurso Paparadoxal



Por um acaso eu li uma matéria ontem sobre a nova lista de pecados capitais divulgada pela Igreja Católica, e lembrei de um texto meio empoeirado que estava na gaveta e que foi escrito por mim logo depois que o papa visitou o Brasil ano passado. Não sei se ir no show do Iron me colocou um passo mais perto do inferno, mas resolvi postar esse texto velho haha


Algumas semanas depois da visita do Papa Bento XVI ao Brasil, ficam claras as verdadeiras intenções do líder de uma das maiores e mais influentes religiões que existem ao país que possui o maior número de fiéis católicos em todo mundo.


O mais óbvio é o seguinte: a fé católica, desgastada e ultrapassada pelos seus dogmas medievais diante do mundo moderno, tenta escapar da crise que a faz perder seus seguidores para outras doutrinas mais compreensivas e abrangentes, ou para outras ramificações menos radicais dentro de sua mesma Igreja. O Papa poderia ter feito isso de duas maneiras: através da flexibilização de algumas verdades do catolicismo ou mantendo o velho discurso secular e mandando os “infiéis” e ignorantes, literalmente, para o inferno. Infelizmente a segunda opção foi escolhida por Ratzinger.

O segundo motivo (e mais perigoso) é o projeto de retomada de poder da Igreja na esfera política. Sua Santidade, ao propor para o governo brasileiro a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas e a condenação criminal para aqueles que praticam o aborto busca legitimar o poder da sua religião através da ferramenta do Estado, relembrando épocas não tão distantes em que todo “herege”, com a permissão do rei, era queimado em praça pública, simplesmente por ter uma opinião diferente. Somos obrigados a aplaudir de pé a atitude do governo brasileiro neste caso, que mandou o recado em uníssono: somos um Estado laico.

A reafirmação da fé católica através do medo um dia foi eficiente, mas hoje chega a beirar o ridículo. O Papa tem atitudes estranhas para um líder religioso (como “excomungar” políticos que apóiem a legalização do aborto e proibir o uso de camisinha em um país onde se luta diariamente pela conscientização da população), mas a pior delas é, sem dúvida, o não reconhecimento da validade de outras religiões. Em época conturbada por inúmeros conflitos de cunho religioso, do conflito na Faixa de Gaza ao terrorismo fundamentalista islâmico e o “messias” de Deus chamado George Bush, nenhuma atitude é mais ridícula e condenável do que a intolerância religiosa; nada é mais ignorante do que pressupor que aqueles que não seguem os dogmas da Igreja estão invariavelmente errados e condenados a sentar no colo do capeta. Rousseau se revira no túmulo.


Fazendo críticas que vão da condenação das pesquisas com células-tronco à demonização do rock, vemos infelizmente que o atual Papa, ao invés de pregar o amor incondicional pelo homem e tentar adaptar a Igreja para ser uma referência moral nos tempos modernos, tem um discurso prepotente e não mede a conseqüência que suas palavras trazem na consciência de seus fiéis.


Tudo indica que Ratzinger, que em sua adolescência aderiu à juventude nazista, continua com a mesma viseira.



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